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1. Convite ao Encontro – artigo para publicação do Novo DEGASE



Convite ao Encontro


Joel Rufino dos Santos, foi para nós um exemplo de intelectual plenamente inserido no ritmo de seu tempo, fosse nos temerosos anos da Ditadura, fosse na nossa pueril Democracia, tantas vezes abortada antes de atingir seu pleno desenvolvimento. Independente disso, seu legado permanece e avança para além do presente. Há de se estudar e dialogar com seus livros, literatura, ensinamentos. 

É de Joel, professor e amigo, que solicito ajuda para começar esse texto que, como verá, o levará até o ponto onde possa aceitar um convite, que sei, lhe será de grande agrado.
Ensinou-me o mestre, em sua fala gentil, sobre como construímos no Brasil determinado tipo de narrativa, proposta a partir de interesses de determinado grupo, e de como isso calou por muito tempo as vozes, a diversidade de vozes, que compõe as narrativas brasileiras.

A produção cultural, da dita "alta cultura" tem lugar e dono. Os "escritores" brasileiros são em sua maioria homens brancos, de classe média, moradores de áreas "nobres" de grandes centros urbanos. É assim nas redações do telejornais, nos editoriais das revistas mais ricas, nos palcos do teatro, telas de cinema, nos tribunais, cartuns, quadrinhos e, enfim, na literatura, desde que os primeiros folhetins nos chegaram trazidos d'além mar para deleite daqueles que podiam ler.

E como registrar suas próprias histórias, narrativas que conduzem a vida, se não se sabe ler?

É na literatura entretanto, que a figura do pobre, invisibilizada na política e na economia, ganha protagonismo. O pobre é ali figurado, ganha contornos, cores, comportamentos.
Mas, o que é o "pobre" afinal?

É o iletrado? O marginalizado dos meios de produção? Qual a narrativa que construiu em nossas cabeças o que é "pobre"? Pobre, nas narrativas oficiais, é aqueles que deseja mas não pode, é fator de desestruturação da sociedade em direta oposição à rica elite estruturadora. Por definição, os pobres são a classe perigosa. 
Assim, coube aos escritores dos folhetins e seus herdeiros, reproduzir modelos sobre o que é o pobre com ideias convenientes à dominação social. Cindindo também nas letras a sociedade em classes que se opõem, uma oprimindo, outra oprimida.
Darcy Ribeiro definiu que há de fato dois tipos de intelectuais: o contente e o irado.

O primeiro, gosta das coisas como estão. Aliena-se da dor daqueles cujo desejo é suprimido, aceita os privilégios de poucos, ganha sua vida assim. Não irá chiar a não ser que lhe doa nos próprios privilégios de porta voz do status quo. 

O segundo, lamenta o sufocar das demandas do povo, se sensibiliza com as dores e sofreres de seus irmãos. Muitas vezes se engajará, colocando à risco a própria paz de espírito, quando não a saúde, para fazer sua parte, naquilo que crê, ser o caminho para uma sociedade mais generosa e justa.
Pode ser frustrante contrariar seu papel de propagador da ideologia dominante, mas também pode ser purificante.
Não são muitos, ainda hoje, intelectuais que fujam ao seu papel de extratificadores de classes. Que rompam com o paternalismo intelectual de uma classe sobre outra. Mas de quando em vez, sairá do mundo dos pobres, um porta voz que coloca por terra as barreiras das elites. Foi assim com Patativa do Assaré. Não se dobrou às normas "de cima", pelo contrário, fez as suas e as impôs pela força de suas narrativas.

Daí ficamos a definir o que é um "intelectual". 

Intelectual é aquele que, sendo de determinado grupo social, fala de seu grupo para a sociedade. Ao mesmo tempo, ele estabelece para seu grupo determinadas normas de conduta, tendo também uma função pedagógica: representa externamente seu grupo, e educa internamente o mesmo. 
A este, Gramsky chamou de "intelectual orgânico".

Uma das dificuldades para a abertura de espaço para os intelectuais do povo, é que até bem pouco tempo, os meios de produção e divulgação de arte eram caros, detidos nas mãos de poucos. Assim, a elite dona dos jornais, gravadoras, escolas, reproduzia para o consumo geral a sua própria narrativa hegemônica.
Os intelectuais que emergem dos círculos populares, agora tem melhor acesso aos meios. Seja por internet, ou pelas políticas públicas do último periodo político, nas rádios comunitárias, agora vemos e ouvimos um proliferar de vozes, centenas milhares, que na verdade sempre estiveram por lá. 
Nunca em toda a cidade do Rio de Janeiro se ouviu tantos saraus, rodas de samba, oficinas literárias, feiras de trocas de zines. Da rua à rede, e desta de volta a rua, o que vemos é uma ocupação das vias, por parte daqueles que tem muito a expressar e quebrar na narrativa hegemônica.
Quando nos prendemos a uma só história, destruímos a possibilidade de conhecimento do outro. Caímos na armadilha do "pobre" do folhetim, do "outro" onde não nos reconhecemos, simplesmente por que nunca tivemos acesso a nenhuma outra narrativa ao seu respeito a não ser aquela única, alienante, que nos torna opositores entre nós. 
Saber das demais histórias de alguém, é traze-lo para perto de si.
Não é por acaso que uma das formas de dominar uma população é impedindo o seu acesso a outras narrativas que não a imposta pela classe dominante.
Assim todos somos postos a ver a mesma novela, o mesmo telejornal, o mesmo ensino de banco de escola do pensamento único, sem o qual não se lançaria povos em guerras, ou se faria possível matar a um irmão.

A violência se alimenta da alienação, em todos os seus níveis. Desumanizar, negar direitos iguais, é a forma como se prepara o campo para violar seu semelhante.
Foi seguido a um periodo de extrema alienação de valores humanitários, que se produziu a  Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de dezembro de 1948).  Nela se incluem entre seus trinta artigos, aqueles que protegem expressamente o direito à diversidade de narrativas, seja como  autores, propagadores ou fruidores. A saber:

Artigo 7
Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos tem direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Não se pode diminuir uma pessoa, através de discursos preconceituosos, negando sua condição humana. Entretanto, vemos em discursos políticos, religiosos e até mesmo em projetos educativos, palavras ou propostas que violam esse direito essencial.


Artigo 19
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.

Enquanto não tivermos acesso amplo e democrático dos meios de comunicação, este direito permanecer ainda incompleto. Com a Internet avançou-se, mas ainda não chegamos ao um ponto justo. Ataques ao Marco Zero da Internet, monopólios midiáticos, a pauperização de aparelhos públicos culturais e educacionais são no momento as maiores faltas.

Artigo 26
I) Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnica
profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.
II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Entretanto, ainda não vimos no país um real esforço pela democratização do ensino. Seguimos enfrentando políticas de sucateamento, com grande interferencia de grupos privados que visam tornar o direito humano à educação em mercadoria para lucro de poucos em detrimento da necessidade de muitos.
Artigo 27
I) Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de fruir de seus benefícios.
II) Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Aqui falamos de direitos autorais, estes que devem atender tanto ao público quanto ao criador da obra artística. Quando interagimos com as artes, é preciso ter em mente suas funções sociais. Elas devem se fazer acessível, têm valor de registro de sua época, é direito do público saber a quem creditar a obra e é direito de quem a cria ter seus valores morais e materiais salvaguardados. 
Repare que nenhum destes parágrafos especifica o que é cultura, ou o que é melhor ou pior em termos de artes e manifestações culturais. O que temos como "cultura" é uma construção de determinada época, região, e tem intenção ideológica nela. Ou seja: a cultura não é um conceito absoluto. Aliás, devemos nos acostumar a questionar sempre o que nos é dado como dogma, como determinado, como ideia única, como única história.
É preciso aprender a desconstruir narrativas que nos chegam cristalizadas, para se aproximar. 
Nos definimos em oposição ao outro. Assim a mulher se define em oposição ao homem – que hegemoniza a cultura a partir de seu ponto de vista. E o negro se define em face ao branco, que da mesma forma dominou as narrativas. O negro é contado à partir do centro branco, masculino, heterossexual e rico.
De sua ilha de privilégio, não cabe ao homem, branco, hetero, rico, romper com as estruturas opressoras de narrativas. Ele está cego em sua posição, sob holofotes que o perseguem desde o dia em que nasceu, quiçá até antes. Caberá àquelas e aqueles que tiveram seu protagonismo suprimido, libertar o mundo da narrativa hegemônica, do discurso alienante. Simplesmente porque, apenas elas e eles, tem o que é necessário: que são suas próprias narrativas. São as histórias das periferias, de quem lutou pelo direito de viver, sobreviver, da poesia das quebradas, da música marginal, dos ranchos, dos toques dos atabaques, das vielas, das celas, dos cárceres, dos abrigos, dos hospícios, dos campos, dos cantos dos amordaçados de um país onde cada cabeça pode propor um novo universo.
Nós, humanos, somos construídos pelas narrativas das quais dispomos. Com elas nos definimos. A religião é uma narrativa, a forma como lidamos com nossos familiares também, nossas crenças no que é bom de se comer, falar, são histórias que "colaram" em nós. Sociedades são construídas através dos pontos em comum das narrativas de seus membros. Mesmo a história oficial de um povo não é mais do que uma narrativa única, incompleta, alienante do que foi o real daquelas pessoas que nos precederam. Não à toa, Joel Rufino escreveu seus tomos onde resgatou as narrativas de nossa história do Brasil contada por classes nunca antes ouvidas, e não à toa, teve sua obra destruída e foi cassado pelo governo militar da Ditadura, que mais que tudo, só pode dominar suprimindo violentamente todas as narrativas que não a sua. 
E de onde vêm essas narrativas?
Vem de nossos pais, da vó que contava a história antes de dormir, dos "causos" contados à mesa de jantar ou na roda de viola, da fofoca das vizinhas, da novela das oito, do âncora engravatado do jornal nacional, dos filmes blockbusters estrangeiros monopolizando as telas dos cinemas… Elas nos definem, e não é fácil resistir à elas, especialmente quando se é uma criança. Narrativas nos conformam ou revoltam, dependendo de quem a conta. Podem domar os desejos e manter um país inteiro sujeito à condições péssimas para seu povo, porque fizeram-no crer de quem tem de ser assim, mas também podem despertar consciências, uma crítica lúcida sobre o porquê do estados das coisas que nos oprimem.
Uma das narrativas mais perigosas que podem nos imprimir, é a de que somos inimigos. Pense em alguém, qualquer pessoa, que de alguma forma lhe inspira raiva, ou repulsa. Pense em como se formou esse sentimento em você. Foi alguém que lhe ensinou ou algo que leu? Foi esta pessoa que lhe fez ou falou algo rude? De qualquer forma, o quanto sabe a respeito desta pessoa que justifique a encarar como um inimigo e não uma igual? Em outras palavras, quais foram as narrativas sobre ela que teve acesso? 
Alienar-se do outro é negar suas outras narrativas. Conhecê-las é se aproximar, humanizar. Mesmo o pior dos inimigos, tem em si um conto de afeto, de ternura. Compreender é abrir possibilidade de se conviver, de respeito mútuo. 
Portanto, se pretendemos uma sociedade pacífica, justa e harmoniosa, é urgente que se inicie tornando possível que todos possam contar suas próprias histórias, e o que é mais importante de tudo: serem ouvidos. 
Meu convite portanto é esse: vamos nos organizar de formas a que isso aconteça aqui dentro do Novo Degase?



Thais Linhares – Diretora Administrativa Adjunta do Instituto de Defensores de Direitos Humanos – DDH, vice-presidenta da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantojuvenil – AEILIJ.







0 Comments on Convite ao Encontro – artigo para publicação do Novo DEGASE as of 1/1/1900
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2. A Cigarra e a Formiga

Sobre a questão de "liberar" o uso das obras autorais sem que seja necessário nenhuma remuneração aos autores.

Não precisa muito para perceber o tiro no pé.
Os Direitos Autorais, em sua concepção moderna e atual, foram elaborados para garantir o sustento de quem escolhe se dedicar à criação intelectual.
Sem eles, não é possível ao autor a independência econômica necessária para que possa trabalhar nessa área.
Inclusive, na atual conjuntura, a parte que cabe ao tal "sustento" é de longe a menor em toda a cadeia de produção, distribuição e consumo das artes. E, no meio literário, a única que ainda paga impostos sobre os tostões que recebe.
Não sabiam?
Para baratear os livros impressos, até mesmo a indústria gráfica e papeleira foram liberadas de pagar impostos. Algo que deve ter retirado alguns milhões dos cofres públicos. Agora, o autor, este que recebe, no máximo, 10% do preço de venda de um livro, o que não chega a juntar nem R$50 reais em um mês... Este irá pagar um terço de tudo que recebe em impostos.
Não há saída. Somos pessoa física. A criação do MEI – Micro Empreendedor Individual, nos acendeu um esperança, mas, não! O MEI não aceita nenhum tipo de trabalho criativo/intelectual e ainda esperamos uma Empresa de Autor, que nos contemple e possibilite produzir mais e melhor.
O que justifica retirar dos autores justamente o que possibilita que eles existam?
A consequência direta disso NÃO SERÁ uma maior difusão da arte.
Pois o que encarece a transmissão da mesma não são os parcos 10% que o autor recebe. Em geral recebe até menos. Incontáveis vezes não recebe é nada.
O que é caro, e dispendioso, são os meios de transmissão.
Custa muito caro colocar um livro pra vender em uma livraria. Custa, de fato, de 30% a 80% do preço de venda do mesmo.
Custa muito caro divulgar uma obra pela Internet pagando um banner que seja minimamente visível no Google, Facebook, ou outro grande latifúndio cybernético, para a maioria dos novos autores. O que é extremamente injusto, visto que esses grupos de Internet lucram valores astronômicos com a transmissão de nossas obras, na maioria das vezes sem permissão e sem nenhum retorno.
E, quando tem retorno, nos ad-senses, é microscópico. Para ter ideia, para que um jovem vlogger consiga R$ 2.000,00, ele precisa bater mais de 100.000 visualizações em um mês.
Enquanto isso o Google bate recordes de lucratividade, arma um exército de drones, loteia a superfície do planeta... Sentiram o drama?
Aliás, o Google, esse pobre e necessitado mendigo, é quem MAIS IRÁ LUCRAR com a liberação da pirataria. Ela já rola solta. Mas com a liberação através da lei, ele poderá parar de pagar os tostões furados, e poderá formar um grupo de autores próprios em regime de mecenato, e sem concorrência.
Se é para baratear a arte... tem de democratizar os MEIOS de transmissão.
Banners grátis pra todos. Distribuição gratuita de obras bancadas por impostos pagos pelas grandes fortunas feitas na rede às custas de nossa criatividade.
Ter livrarias onde os editores e autores fiquem com a maior parte. Justo, afinal que arca com o risco são eles. Se o livro não vende, o livreiro simplesmente retorna os exemplares, e quem assume o prejuízo é o editor/produtor! É uma aberração comercial que quem tenha o maior risco lucre menos!
Que os espaços culturais, todos, ofereçam uma parte de seus calendários a atividades gratuitas e populares de difusão da arte.
Que as Igrejas abram suas portas aos artistas que desejarem se divulgar, e que possam usar seus equipamentos de som, instalações para tal. Lembrando que templo e igrejas, ao contrário dos autores, NÃO PAGAM IMPOSTOS. E, ao meu ver, se arte e cultura é tão importante assim, por que então não são isentas de impostos? Um bom livro também pode salvar almas.
Precisamos ter nos provedores e portais de internet, igualdade de divulgação para autores ricos e pobres. Fazer uma "reforma agrária" na rede. Enxergar a informação como direito e área estratégica. Já não tava na hora de ter um Face ou Google que fosse totalmente universal e sem fins lucrativos? Cadê a coletividade global?
E, ao contrário do que estão querendo fazer, AUMENTAR o ganho de quem quiser produzir e criar arte, cultura e inovação. De forma a incentivar que as mentes mais criativas e talentosas da humanidade se coloquem à disposição do planeta. Seja este autor uma professora brasileira do Morro do Alemão, seja um avô alemão em condomínio burguês em Berlim.

A existência dos direitos autorais, é o que faz com que a cigarras não morram no inverno, e que possam voltar a cantar nos verões seguintes.
Mas algumas formiguinhas (com cérebro de formiguinha mesmo), incapazes de entender isso, estão a querer matar de fome nossa cultura.

0 Comments on A Cigarra e a Formiga as of 1/4/2015 8:04:00 AM
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3. Autor também precisa comer


Uma coisa que já incomoda de cara é essa de justificar a apropriação compulsória de nosso trabalho (e ganhos) dizendo "desde que o evento/serviço/culto seja gratuito". Ignora um fato contundente: o tal que faz o evento/serviço/culto ESCOLHEU oferecer seu trabalho de graça, por livre e espontânea vontade. Enquanto ao AUTOR não é dado o direito de escolha! Somos obrigados a contribuir para qualquer evento/serviço/culto... mesmo que discordemos com algo que vá correr ali! Autores são generosos. Mesmo os mais pobres (esse ano passei pendurada em dívidas, enquanto ativamente fazia voluntariado pra diversos movimentos). Ao longo do ano participamos de eventos beneficentes, doamos obras, formamos leitores, sem cobrar nada. Mas somos nós que decidimos quando e onde podemos e queremos fazer isso, pois é nosso trabalho! E se fosse o contrário? Imagine que decido que vou declamar alguns textos meus e faço um evento onde outros profissionais serão obrigados a me ceder seu espaço, seu equipamento de som, espaço para divulgação e publicidade nas rádios/TV/banners do Google/etc, de forma gratuita e compulsória?
Lembrando que no balanço das forças, autores como regra são POBRES, não nadamos em dinheiro. Enquanto que os donos de clubes, IGREJAS, grupos educacionais, rádios, Pirate Bays e empresas de Internet, lucram tsunamis de dinheiro todo ano. Alguns nem pagam impostos. Eu pago 30% de toda migalha que recebo por meus livros e depois fico rolando as dívidas até receber a restituição – que talvez me tire do vermelho.
Como sempre, eles partem do pressuposto que todo mundo tem direito ao seu ganho pelo trabalho honesto. MENOS os autores. Esses que vivam de brisa. Esquecem que quem vive de brisa, se desmancha no vento. Morto de fome!


0 Comments on Autor também precisa comer as of 1/4/2015 6:43:00 AM
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4. Quanto cobrar por um desenho para camiseta?


(Arte que fiz para uma camiseta silkada).

O primeiro ponto a atentar é que, diferente de outros produtos, a arte que está vendendo é cobrada não pelo seu papel, ou tintas, ou que programa usou pra fazer, mas sim pela sua reprodução em diferentes usos. Aliás, o original físico, se existir, fica contigo, ainda que este também possa ser vendido à parte como obra de arte decorativa.
Assim, uma camiseta lisa se vende por peça, serve pra vestir. 
Já a arte que irá para a camiseta, se vende em cada vez que for aplicada sobre o tecido da camiseta.  A arte acrescenta beleza, falando de modo mais simples, à roupa. Diferencia a roupa e a destaca das demais camisetas. Agora o comprador quer "aquela" camiseta porque ela tem a sua arte que lhe dá prazer em carregar junto ao corpo.

O preço de seu desenho irá refletir isso. Será maior quando a expectativa de venda for maior, e menor quando menor.
Entretanto, você não partirá do zero valor. Terá um preço inicial a partir do qual aumentará de acordo com o uso maior da arte.
Por exemplo: R$ 100,00 como valor base.
Esse valor cobre uma tiragem de 1 até 100 camisetas.
Donde concluímos que pra tiragens maiores poderíamos ir acrescentando:
R$ 500 por até 500 camisetas, R$ 1.000,00 por até mil camisetas, etc.
O ideal é que pergunte quantas camisetas serão produzidas e sobre isso faça o cálculo. 

Agora, pra entender melhor, vou inverter o ponto de vista.
Faz de conta que você é quem irá comprar um desenho para reproduzir nas camisetas e será a responsável pelas vendas. Você então fará o seguinte cálculo: "Paguei R$ 100,00 pela arte, então cada camiseta que eu vender terá de pagar meu lucro, mais o custo do tecido, mais o percentual da loja e  mais 1/100 do que eu paguei à artista." 
Ou seja, o custo da arte, R$ 100,00 é didivido pelo total das 100 camisetas. No preço final do produto, a arte levou 1 real em cada camiseta. Se a camiseta custar R$ 31,00, ficam R$ 30,00 pra se descontar os demais custos. Parece bem víável.

Outras duas coisas legais de você considerar é:
1- a exclusividade: se não houver necessidade de que a arte seja exclusiva, e ele aceitar algo que você já tenha pronto, pode até cobrar menos. Ou, se for uma arte que você veja potencial para usar em outras aplicações, até mesmo suas;
2- o prazo de uso. Sempre é legal retomar o uso as suas artes depois de um certo tempo. Você pode colocar pro seu comprador que ele poderá usar as artes nas camisetas por 5 anos, após isso as artes retornam para você usar como quiser, até pra outra confecção. E pode ainda combinar as duas coisas: 5 anos de exclusividade, e depois ele até pode usar, mas não será mais exclusiva.

O mais importante é garantir na mão um determinado valor inicial, e de preferência como adiantamento, isto é, antes de começar a fazer a arte.

Costumo pedir adiantamentos logo no início, antes de começar a desenhar. Depois recebo mais uma parte na entrega dos rascunho e por fim outra parte quando tudo pronto. Faço isso com ilustração para livros, então o desdobramento é: prazo de 5 anos, em mídia impressa e ebook, português e 2% a 5% sobre vendas de governo, e às vezes de livraria também.

Na camiseta eu fecharia em 5 anos, e procuraria pegar logo o valor total sobre tiragem. Tipo, se forem 500 camisetas:  R$ 100 (antes) + R$ 200 (entrega do rascunho (onde pode permitir alterações) + R$ 200 (entrega final, e se for pedido alteração aqui, em algo que não é sua culpa, cobre à parte!)

Esse valor de 100 reais é só uma sugestão. Escolhi porque me pareceu algo viável para uma pequena confecção de garagem. E, pense bem: um tênis de marca custa bem mais que isso e não vai gerar lucro pra ninguém!

Pessoalmente eu cobraria R$ 250,00 reais como valor base.

Não deixe de ler sobre a questão do contrato a ser elaborado, aqui mesmo no blog, no tag Contrato de Autor.

Sucesso pra ti!

0 Comments on Quanto cobrar por um desenho para camiseta? as of 12/27/2014 6:50:00 AM
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5. Regulamentação da profissão de ilustrador

Sempre que vejo alguma iniciativa em regulamentar a profissão de ilustrador, sinto um frio na barriga.
Porque creio que, dependendo da forma que se dê, pode ser um tiro no pé.
Ilustração TEM de ser tratada sempre como o trabalho de texto, composição, música, etc. Ou seja: como Direito Autoral. É aí a nossa melhor possibilidade de reconhecimento e ganho. Então me aparece a pessoa com a seguinte proposta:

"Temos a obrigatoriedade também de fazer um diagnóstico do setor de ilustração em Curitiba, vamos ter que descobrir quem são os profissionais, qual a área de atuação, qual a média salarial, tabela de preços, experiência, premiações, etc"

"Tabela de preços" é a MORTE do direito autoral. É andarmos quilômetros em marcha à ré após décadas batalhando para receber conforme o uso (e não alguma famigerada tabelinha). 
Quanto à média salarial, ok, pois isso se refere apenas a ilustradores presos por contratos de trabalho, e neste contrato, aliás, TEM de estar a cessão do Direito Autoral inclusa e BEM especificada para o que é e como. Tabelar preços também é ILEGAL segundo as normas de mercado brasileira. E todas as vezes que alguém se arrogou a tabelar para ilustradores e afins, a monstruosidade que se viu gerou muito briga e troca de farpas. Essas tabelinhas famigeradas vem sempre causar dor de cabeça, queda de valores, desinformação e retrocesso em conquistas árduamente alcançadas por gente como Graça Lima, Maurício Veneza, Montalvo Machado, a SIB, e outros.

Outro IMENSO problema ao meu ver é quando ele fala "das exigências para ser ilustrador". Isso é um absurdo! Pois quando se trata de expressão e arte não pode haver impedimento a nenhum cidadão, coisa aliás, que está na Constituição como direito à cultura e a se manifestar culturalmente. Não vejo nenhum benefício aí a não ser tentar criar um nicho de mercado como recentemente se tentou obrigar que cartunistas de jornais fossem formados em jornalismo(!?!).

Torço MUITO para que minha carreira e de muitos outros não acabem sendo mais prejudicadas do que ajudadas com iniciativas como esta. 

Você que batalha por algo louvável, por favor, vá com cuidado e procurando conhecer bem as sutilezas do trabalho criativo. 

Imagem : A Aranha e outros bichos – ed. Nova Fronteira
Autora da imagem: Thais Linhares

0 Comments on Regulamentação da profissão de ilustrador as of 11/4/2014 7:13:00 AM
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